Campinas, cidade do interior de São Paulo, agora abriga a maior biofábrica dedicada à produção de mosquitos com a bactéria Wolbachia, capaz de impedir a transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya. A fábrica foi apresentada a jornalistas ontem e inaugurada oficialmente nesta quinta-feira (2).
A estrutura pertence à empresa britânica Oxitec e tem capacidade para gerar até 190 milhões de mosquitos por semana. Apesar de pronta para operar, a fábrica depende de uma autorização excepcional da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O pedido da empresa para a biofábrica entrar em operação foi feito em março, mas, segundo a empresa, ainda não há previsão de resposta. O método segue protocolos já aplicados em outros locais do país, inclusive pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiacruz)
BACTÉRIA
A Wolbachia é uma bactéria intracelular, presente naturalmente em cerca de 60% dos insetos, e não é transmissível para humanos ou animais.
Quando inserida no mosquito Aedes aegypti, ela impede que o vírus da dengue se replique dentro do organismo do inseto. Com isso, mesmo que o mosquito pique uma pessoa, ele não transmite a doença.
A técnica é chamada de substituição populacional: os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente e se reproduzem com os mosquitos selvagens. A bactéria é passada para os descendentes, e aos poucos, a população local passa a ser composta majoritariamente por mosquitos que não transmitem os vírus.
Desde janeiro, o método foi incorporado ao Programa Nacional de Combate à Dengue (PNCD), do Ministério da Saúde, e já é usado em ao menos 11 cidades brasileiras, onde foi introduzido os chamados “mosquitos do bem”.
CAIXINHAS
A biofábrica de Campinas vai produzir caixinhas com ovos do mosquito com Wolbachia, que podem ser enviadas para qualquer lugar do Brasil e do mundo. Dentro da caixa, além dos ovos, há uma dieta específica para o desenvolvimento das larvas.
Ao adicionar água, os ovos eclodem e passam pelas fases de larva, pupa e mosquito adulto. Os insetos saem por pequenos furos no topo da caixa e iniciam o processo de acasalamento, disseminando a bactéria na população local.
Cada caixinha tem autonomia de 28 dias e é capaz de proteger uma área de até 5 mil metros quadrados. A empresa afirma que o método é seguro, não tóxico e já foi validado em diversos países.
Caixinha contendo mosquito com Wolbachia
Comentários: