A farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes vai receber proteção especial, após ser alvo de diversas ameaças e ataques de membros da extrema-direita e dos chamados “masculinistas” e “red pills” (pessoas crentes que todas as regras do mundo só favorecem as mulheres).
O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), confirmou nessa sexta-feira (7) a inclusão da vítima no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH), iniciativa que atende a um pedido da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
Cida visitou Maria da Penha nesta semana, e tomou conhecimento dos ataques que ela vem recebendo pelas redes sociais. A farmacêutica e ativista dá nome à Lei nº 11.340/2006, principal dispositivo jurídico de enfrentamento à violência doméstica contra a mulher no Brasil.
Natural de Fortaleza, Maria da Penha ficou paraplégica, em 1983, quando o próprio marido, Marcos Antonio Heredia Viveros, deu-lhe um tiro nas costas enquanto ela dormia. Tratou-se de um crime de feminicídio – ainda que a tipificação não existisse na época.
Fakes News
Atualmente esses círculos “masculinistas” passaram a reverberar a versão – fake news – de que o tiro que deixou Maria da Penha paraplégica teria sido disparado por um assaltante. E que, por “ciúme”, a vítima teria atribuído a culpa ao ex-marido.
Trata-se da linha adotada pela defesa de Viveros, repudiada pela Justiça, que o condenou a 8 anos e meio de prisão por tentativa de assassinato. Ele foi preso somente em 2002, 19 anos após o crime, e já cumpriu a pena.
Em 2022, Viveros escreveu um livro para retratar a sua suposta “verdade”. A partir daí, a versão revisionista – totalmente incompatível com a realidade – passou a ganhar espaço em veículos da extrema direita.
Primeiramente, a versão recebeu atenção do podcast “Mais Um Podcast”, da Rádio Jovem Pan. Posteriormente, a produtora Brasil Paralelo – que produz “documentários” que dão vazão às teorias conspiracionistas – também abordou o episódio, defendendo o ponto de vista de Viveros e contestando a versão da Justiça.
Comentários: