Os quatro últimos governadores de Minas Gerais enviaram uma nota conjunta ao atual ocupante do cargo, Romeu Zema (Novo), para criticar a decisão de liberar o Palácio da Liberdade para eventos privados. O documento diz que a medida deturpa a função pública original da antiga sede do Executivo Estadual para dar lugar a interesses privados para "pessoas abastadas".
Uma portaria publicada pelo Governo de Minas na última sexta-feira (19) autoriza o aluguel do Palácio para eventos privados. A medida ainda estabelece os preços para a locação, os horários de funcionamento e a capacidade de público.
A nota é assinada por Eduardo Azeredo (PSDB), governador entre 1995 e 1998; Aécio Neves (PSDB), com mandato entre 2003 e 2010; Antônio Augusto Anastasia, que governou o estado de 2010 a 2014; e Fernando Pimentel (PT), que antecedeu Zema entre 2015 e 2018.
Em tom de crítica, o documento endossado pelos ex-governadores reprova a medida de Zema e ressalta que a decisão altera o caráter público histórico do prédio tombado como patrimônio estadual.
O Palácio da Liberdade foi inaugurado em 1897, mesmo ano da fundação de Belo Horizonte, sendo a sede do Governo de Minas Gerais por mais de um século. Com a construção da Cidade Administrativa, em 2010, o prédio passou a integrar o circuito cultural da Praça da Liberdade.
NOTA
“Tal deliberação, a nosso ver, macula as mais legítimas tradições de nossa história política, pois o símbolo máximo do Poder Público do Estado deixa a sua função essencial e se transforma em cenário de exibição de interesses privados. É fato que o Palácio da Liberdade já serviu de palco para diversas manifestações culturais, sociais e gastronômicas, mas todas elas de iniciativa oficial e com reconhecido caráter de interesse público. Ao permitir a locação particular, destinada a pessoas abastadas, que possam arcar com os seus custos, seremos testemunhas da banalização do edifício sede da identidade de Minas Gerais como Estado federado, repleto das mais reconhecidas tradições e memórias de nossa gente”.
*Trecho do documento assinado por Azeredo, Aécio, Anastasia e Pimentel.

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