Superando um entrave meramente político, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) adquiriu 263.000 toneladas de arroz no mercado internacional em leilão realizado nesta quinta-feira (6). O produto será colocado no mercado varejista para venda ao consumidor com o preço tabelado de R$ 20,00 o pacote de 5 quilos, quase a metade do valor médio atual.
O volume importado corresponde a 88% do previsto no edital, de 300 mil toneladas. A compra foi feita após o governo federal conseguir derrubar na Justiça uma liminar que suspendeu o pregão, concedida na noite de quarta-feira (5) pela 4ª Vara Federal no Rio Grande do Sul.
A importação de arroz foi uma medida adotada pelo governo em função das enchentes no Rio Grande do Sul, estado que responde por 70% da produção nacional. O objetivo é evitar especulação com os preços do produto e minimizar riscos de desabastecimento em função de eventuais perdas da safra.
Os autores da ação popular que havia suspendido o leilão foram os deputados federais Marcel van Hattem (Novo-RS) e Lucas Belo Redecker (PSDB-RS), e o deputado estadual Felipe Camozzato (Novo-RS). A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) entrou como parte interessada no processo.
Críticas
O governo federal passou a ser alvo de severas críticas e ataques da oposição logo que anunciou a intenção de importar arroz, especialmente partindo de políticos da base bolsonarista no Congresso Nacional.
Para os oposicionistas, a medida seria “desnecessária” e a compra do alimento “prejudicaria os produtores brasileiros”. Além das críticas no âmbito político, a iniciativa do governo também foi atacada com várias fake news (notícias falsas) nas redes sociais, colocando em dúvida a qualidade do arroz importado.
A importação de alimentos em circunstâncias excepcionais, visando conter especulações ou desabastecimentos, é uma estratégia comum usada pelos governos ao longo das últimas décadas, tanto no Brasil como em outros países.
Em 2020, devido à pandemia de Covid-19, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) recorreu ao mesmo expediente para evitar o aumento de preço do arroz e autorizou a importação de 400.000 toneladas do produto, fato registrado no vídeo abaixo:
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